242. JUDAS PRIEST - DEMOLITION

A repentina saída do icônico vocalista do Judas, Rob Halford, em 1992, após quase vinte anos com o grupo, causou uma desesperada surpresa aos milhares de fãs da banda que ainda se encontravam em um verdadeiro estado de êxtase devido o lançamento de mais um grande clássico, Painkiller, e de uma matadora turnê de divulgação que inclusive passou pelo Brasil na lendária segunda edição do festival Rock In Rio, em 1991.
Depois de uma pausa de cerca de quatro anos nas atividades do Priest, os guitarristas Glenn Tipton e K.K. Downing resolveram retomar suas atividades buscando uma nova voz para dar continuidade ao legado e que trouxesse um novo fôlego para suas carreiras. Para o posto foi escolhido o jovem e muito talentoso vocalista norte americano Tim “Ripper” Owens, fã confesso dos britânicos e dono de uma voz extremamente semelhante à de seu antecessor (Owens, inclusive, era membro de um projeto cover do Judas chamado British Steel). Essa escolha possibilitava ao grupo a execução de seus clássicos em alto nível, além de maior liberdade criativa para Glen e K.K. que não teriam as ideias de Halford como contraponto às suas.
Essa formação, completada pelo baixista Ian Hill e pelo baterista Scott Travis, lançou dois trabalhos de estúdio (décimos terceiro e quarto, na discografia do Judas) extremamente controversos, além de dois álbuns ao vivo que são bastante apreciados pelos esquizofrênicos fãs. A desaprovação dos discos lançados com Owens no vocal se dá quase que completamente pelas fortes mudanças criativas impostas pelos músicos no processo de composição desses discos. Tipton e Downing mexeram fortemente na sonoridade do Priest, incluindo nas músicas fortes elementos de outros estilos musicais até então alheios como Thrash/Groove e New Metal. Os solos de guitarras foram suprimos e os riffs, a agressividade e o peso foram ampliados de uma forma completamente inédita para o grupo até então.
Demolition é o segundo, e último, disco contando com Owens no comando dos microfones do Judas Priest. E apesar de provavelmente ser o disco mais odiado de toda a carreira dos caras, é o meu preferido com esse vocalista e tem meu total respeito e satisfação por possuir faixas fantásticas e variadas como Machine Man, One On One, Bloodsuckers, Feed On Me e Metal Messiah. Seu lançamento foi uma tentativa totalmente frustrada de mais uma mudança de direcionamento sonoro, como ocorria desde o início do grupo ainda no início dos anos 1970. Essas mudanças nos presentearam com verdadeiros clássicos do Heavy Metal como Sad Wings Of Destiny, Stained Class e Painkiller, para citar alguns. Pouco tempo depois do lançamento de Demolition, e com o gigante e humilhante fracasso de vendas do mesmo nas costas, ocorreu o crescimento do desgaste do grupo para com seu público, por isso, foi resolvido em comum acordo encerrar a parceria com Tim Owens e receber de volta Rob Halford, que há alguns anos retomara sua carreira dentro do Heavy Metal. Ao contrário de outros grupos, onde os fãs vêem seus ídolos quase como entidades religiosas e literalmente adoecem e (ou) vandalizam qualquer tipo de mudança rejeitando completamente o "novo"(vide a entrada de Blaze Bayley no Iron Maiden), a escolha de Owens no Judas mostrou um resultado muito diferente pois trouxe um enorme fôlego ao vivo. Mesmo assim, as mudanças na sonoridade em novos materiais incomodaram, o que encurtou severamente sua passagem como vocalista de uma das maiores e mais queridas bandas de música pesada em todo o mundo.

Tracklist
01. Machine Man
02. One On One
03. Hell Is Home
04. Jekyll and Hyde
05. Close to You
06. Devil Digger
07. Bloodsuckers
08. In Between
09. Feed on Me
10. Subterfuge
11. Lost and Found
12. Cyberface
13. Metal Messiah

Mais Judas Priest no Sonorizando:
Sin After Sin (1977)
Defenders Of The Faith (1984)
Painkiller (1990)
Redeemer Of Souls (2014)

Comentários

Postagens mais visitadas