779. CIRITH UNGOL - HALF PAST HUMAN

 
Apesar do início da carreira do Cirith Ungol datar do longíquo ano de 1971, quando os amigos Greg Lindstrom, naquela época baixista (depois, já na virada para a década de 1980, assumiu as seis cordas), e Robert Garven, baterista, uniram-se para montar uma banda que tivesse uma sonoridade mais pesada e agressiva do que as das bandas de Hard Rock que existiam em profusão nos Estados Unidos naquele período e que os músicos tinham como referências; foi apenas na segunda metade da década, em 1976, com a entrada do vocalista Tim Baker, que esses americanos começaram a trabalhar no tipo de som que definiria sua carreira e que os faria entrar na história do Heavy Metal. 
As primeiras gravações do grupo, ainda preliminares e sem um bom acabamento e trabalho de produção foram feitas provavelmente em 1978 e onze delas foram utilizadas na primeira demo tape gravada pela banda, e lançada naquele mesmo ano de forma totalmente independente. O material recebeu o título de The Orange Album e abriu as portas para que o Cirith Ungol lançasse outra demo no ano seguinte, e essa sim, apresentasse o esqueleto do que se tornaria o seu primeiro álbum de estúdio, o clássico Frost And Fire, de 1981.
Logo após o lançamento de seu aguardado quinto disco de estúdio, Forever Black (2020) e, agora, muito bem embalados pela parceria com um verdadeiro selo musical especializado em Heavy Metal, a Metal Blade Records e, por seu dono (entusiasmado apoiador e fã confesso da banda, Brian Slagel) mas, ao mesmo tempo impossibilitados de realizar uma turnê descente de divulgação desse sensacional trabalho, devido à crise mundial ocasionada pela pandemia do Covid-19, o quinteto - que hoje compõe o Cirith Ungol, que além de Baker, Lindstrom e Garven, conta com o guitarrista Jim Barraza e o baixista Jarvis Leatherby (Night Demon) -, decidido em não paralizar novamente suas atividades, resolveu dar uma olhada no início de sua carreira, mais precisamente naquele vasto material lançado de forma amadora nas demos tapes do final da década de 1970. O objetivo? Resgatar pelo menos parte daquelas músicas, regravá-las, remixa-las e dar a elas a cara do som clássico da banda, tão bem resgatado nesse retorno. 
O resultado desse inesperado e brilhante trabalho de prospecção metálica, foi entregue em maio de 2021, na forma de um surpreendente EP de quatro faixas intitulado Half Past Human. Mais uma vez produzido e mixado pela dupla Jarvis Leatherby e Armand John Anthony (os mesmos de Forever Black), com mais uma espetacular arte de capa assinada pela lenda Michal Whelan (trazendo mais uma vez uma incrível ação de Elric de Melniboné, Campeão Eterno da obra do genial escritor britânico Michael Moorcock),  o mini disco traz em suas composições uma sonoridade notadamente diferente da apresentada no surpreendentemente pesado disco de 2020, aproximando-se realmente dos dois primeiros discos, Frost And Fire e sua pegada mais Rock N' Roll e Progressiva, até meio psicodélica, ocasionada pelas influências da banda do Hard e Classic Rock dos anos 1970, como observado na empolgante faixa de abertura, Route 66; e King Of The Dead (1984), já apresentando o puro Power/Heavy Metal épico, com pitadas de Doom que consagrou a carreira da banda e que aqui está explicitado nas outras três canções desse EP.
Para alegria dos fãs brasileiros do Cirith Ungol, que podem não existir em grande quantidade, mas tem verdadeira e absoluta paixão pela banda e sua peculiar e única sonoridade dentro do Heavy Metal, Half Past Human, a exemplo de todos os demais álbuns oficiais do grupo, a exceção do quarto full lenght, Paradise Lost (que ainda possui alguns imbrólios em seus direitos internacionais que dificultam severamente seu relançamento), recebeu uma linda edição em CD da Hellion Records Brazil, acompanhada de um belíssimo slipcase e um incrível poster com a arte da capa.
Mais um imperdível.

Tracklist
01. Route 666
02. Shelob’s Lair
03. Brutish Manchild
04. Half Past Human

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