885. LUCIFER WAS - UNDERGROUND AND BEYOND

Há pouco mais de uma década, por volta de 2011 ou 2012, tive acesso ao segundo álbum de estúdio de uma banda canadense chamada Blood Ceremony, que tinha como principal característica de sua sonoridade, a mistura entre o peso do som do Black Sabbath nos anos 1970, o uso de flautas doces ao estilo de Ian Anderson no Jethro Tull, como contraste ao peso das guitarras obviamente inspiradas em Tony Iommi, e a maravilhosa voz da sensacional Alia O'Brien que transitava perfeitamente entre esses dois "extremos". Confesso que fiquei bastante surpreso e, fui imediatamente arrebatado ao que, naquele momento, me pareceu algo completamente inovador e inédito.
Mas, parafraseando o pensamento de Antoine Lavoisier, e copiando o que muito já foi dito, "nada se cria, tudo se copia (ou se transforma, o que está longe de ser ruim, ou condenável, tratando-se apenas de uma pequena constatação desse editor)"e, o que me parecia inovador com a banda de Occult Rock/Metal canadense, já havia sido montado e brilhantemente testado lá na primeira metade da década de 1970, na Noruega, por uma banda chamada Lucifer Was que, por não conseguir atenção para seu trabalho naquele concorrido momento, onde centenas de novas bandas surgiam, limitou-se ao underground e a gravações amadoras de algumas fitas demos entre os anos de 1970 e 1974, sequer conseguindo contrato para a produção e lançamento de um álbum de estúdio, o que levou-os ao injusto encerramento de suas atividades alguns poucos anos após seu início.
Uma verdadeira seleção de grandes canções - algumas delas excelentes, como: Song For Rings, Out Of The Blue, The Green Pearl, Fandango e Asterix - que, durante mais de vinte anos, restringiam-se a recordações de bons momentos e de nostalgia para seus antigos componentes. foram reencontradas e reavaliadas pelo baixista Einar Bruu, a partir de seu acervo particular. Surpreso e empolgado com a qualidade das composições presentes nas fitas, Bruu contatou todos os seus antigos companheiros para relembrarem de seu trabalho, ensaiarem para uma volta aos palcos e, finalmente, realizarem a gravação de um disco, que recebeu o nome de Underground And Beyond. Todos os remanescentes aceitaram o convite para o retorno, com exceção do tecladista Jan Ødegård, ficando então, a nova formação do Lucifer Was montada com o guitarrista/vocalista Thore Engen, os flautistas Dag Stenseng (também vocalista) e Anders Sevaldson, o baterista Kai Frilseth, além do próprio Einar, no baixo.
Não conheço o material original gravado pelo Lucifer Was em seus primeiros anos de atividade, antes do gigantesco hiato mas, a ausência de Jan, e consequentemente do som de seus teclados, parece ter sido fundamental para toda a "singularidade" sonora exposta em Underground And Beyond. Casa de músicas que transborda de empolgantes  "duelos" de flautas, cortesia dos talentos e entrosamento de Dag e Anders e, o óbvio contraste entre a suavidade e/ou urgência desses seus instrumentos e o peso sabbathiano dos riffs e linhas de guitarras criados por Thore. 
Após finalmente transformado em um álbum de estúdio, pelo selo sueco Record Heaven em 1997, e relançado algumas vezes em CD e Vinil por outros selos menores, Underground And Beyond chega surpreendentemente ao Brasil, no formato CD, em mais um grande acerto de curadoria do, cada vez mais diversificado, catálogo da Hellion Records. 
Recomendamos!

Tracklist
01. Teddy's Sorrow
02. Scrubby Maid
03. Song For Rings
04. Out Of The Blue
05. The Green Pearl
The Mountain King
Fairy Dance
Belongs To The Sky
Pearl Hall
06. Tarabas
07. Fandango
08. The Meaning Of Life
09. In The Park
10. Asterix

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