900. BLIND GUARDIAN - THE GOD MACHINE


Em 2019, e usando o nome do Blind Guardian, o vocalista Hansi Kürsch e o guitarrista Andre Olbrich, os dois principais compositores do grupo, promoveram o lançamento de sua obra mais ambiciosa (e para os fãs mais antigos da banda, polêmica). Blind Guardian : Twilight Orchestra - Legacy of the Dark Lands, é uma teatral epopéia de fantasia fantástica, totalmente orquestrada que, concretiza a realização de um sonho antigo da dupla em lançar um álbum conceitual e totalmente cinematográfico, que representasse o espírito mais lírico e erudito da banda e o profundo amor pela literatura fantástica apresentada pelos compositores, desde sua estréia em Battalions Of Fear (1988), quando Senhor dos Anéis e J. R. R. Tolkien já se fazia presente como inspiração.
Se por um lado, o excesso de inserções orquestradas, ou excessivamente trabalhadas e progressivas, fez parte da evolução pretendida pelo Blind em sua sonoridade, por outro afastou parte do seu público formado entre os anos 1980 e 1990 (e aparentemente até um de seus músicos fundantes, o baterista Thomas Stauch), que preferia o lado mais veloz e pesado, ligado ao Speed/Power Metal, apresentando crescentes insatisfações às mudanças crescentemente presentes já a partir de A Night At The Opera (2002).
Independente do que aconteceu em Legacy of the Dark Lands, a banda também já vinha apresentando, gradualmente, a retomada da velocidade e peso de outrora, apresentando fortes canções do estilo nos últimos discos, indicando o ponto em que os músicos pretendiam chegar. E essa linha de chegada parece ter sido finalmente alcançada com o lançamento do excelente The God Machine (2022), décimo segundo álbum de inéditas dos caras, mais uma vez produzido pelo competente Charlie Bauerfeind (parceiro desde a gravação do clássico Nightfall In The Middle Earth, 1988) e trazendo na formação do grupo, além da dupla já citada, o também fundador Marcus Siepens, guitarrista, o baterista Frederik Enmke e o baixista contratado Barend Courbois. Apresentando muitas canções com características que espelham muito bem a agressividade predominante em momentos da década de 1990, e até início da seguinte, como Deliver Us From Evil, Damnation, Secrets Of The American Gods, Violent ShadowsBlood Of The Elves, temos dessa vez o Blind as intercalando de forma muito competente a outras menos diretas, mais cadenciadas e épicas que, em nenhum momento soam exageradas, cansativas ou fora do lugar, como Life Beyond The Spheres, Architects Of Doom, a balada Let It Be No MoreDestiny
The God Machine parece ser um grande ponto de intersecção entre passado, presente e passos futuros que, criativamente, o Blind Guardian planeja dar em sua carreira, que se aproxima a passos largos e firmes dos quarenta anos. Esbanjando maturidade criativa e técnica musical, sobretudo de seu trio original, Hansi, André e Marcus, a banda mostra mais uma vez que mantém firme sua identidade e que ainda tem muito a apresentar a seus fãs que receberam aqui, provavelmente, o melhor seu melhor trabalho, nesses últimos vinte anos.

Tracklist
01. Deliver Us From Evil
02. Damnation
03. Secrets Of The American Gods
04. Violent Shadows
05. Life Beyond The Spheres
06. Architects Of Doom
07. Let It Be No More
08. Blood Of The Elves
09. Destiny

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