250. IRON MAIDEN – THE X FACTOR
Acredito que em toda a história do Heavy Metal, raras vezes a substituição de um membro de uma banda tenha sido tão polêmica e controversa quanto a entrada do vocalista Blaze Bayley no lugar de Bruce Dickinson.
Depois de chocar os fãs em 1993 com o anúncio de sua saída do Iron Maiden após a turnê do bem sucedido (mas ordinário) álbum Fear Of The Dark e a promoção de um segundo disco ao vivo lançado consecutivamente, chamado A Real Dead One, Bruce partia em busca da consolidação de sua carreira solo, tendo como alguns dos objetivos liberdade criativa, diminuir ritmo e carga de trabalho musical e evitar a prisão ao estigma de ser músico de Heavy Metal. Enquanto isso, o resto da banda, liderada por Steve Harris, partia para um concurso que faria a escolha do próximo vocalista da Donzela. Pela lista dos músicos já consagrados que se anunciaram participantes do tal concurso, como Michael Kiske, Steve Grimmet e até o brasileiro André Matos, gerou-se uma forte expectativa de que a banda contrataria um vocalista que desse uma ideia de continuidade e, ao mesmo tempo o mais importante, uma revigorada ao som construído pelos ingleses com o clássico absoluto The Number Of The Beast e seus ainda mais elogiados sucessores. É provavelmente, a frustração dessa expectativa, a maior responsável pelo fracasso do período de Bayley Alexander Cooke (ou simplesmente Blaze) como frontman do Iron Maiden. Sua escolha, em 1994, mostrava que Steve Harris pensava em dar um rumo diferente a sonoridade do Iron, mas parecia subestimar ou ainda não entender a verdadeira devoção de seus fãs ao que ele havia ajudado a construir até aquele momento.
Dono de uma voz muito mais grave e soturna que a de Bruce Dickinson, Blaze deixaria seu primeiro registro de estúdio com o Iron Maiden no ano de 1995. The X Factor é o décimo disco de estúdio da banda inglesa e traz composições fortes, pesadas, lentas e sombrias, muito diferentes do que os caras tinham apresentado a seus fãs em todos esses anos e reflexo do difícil momento emocional que passava Harris, principal compositor do grupo. Até o Eddie, mascote da banda presente em todas as capas de álbuns, recebe aqui uma versão bastante diferente, muito mais realista e visceral, distoando completamente do tom cartunesco dado ao personagem em todas as outras capas e desenhos estrelados por ele.
Ainda que muito contestado pela expressiva maioria dos fãs do Iron Maiden, The X Factor e seu vocalista possuem um pequeno e seleto grupo de defensores (ao qual me incluo). Excelentes faixas como o emocionante épico de onze minutos Sign Of The Cross que apresentava o novo vocalista de forma arrebatadora, e, inclusive continuou como parte do repertório da banda mesmo após o retorno de Bruce; as rápidas Lord Of The Flies, Man On The Edge e Judgement Of Heaven, as cadenciadas e emocionantes Look For The Truth, The Edge Of Darkness, Blood On The World’s Hands, 2 A.M.; e, finalmente,
The X Factor não é um disco perfeito, sequer pode ser incluido no hall dos melhores trabalhos do Maiden, longe disso. Mas trata-se sim de um ótimo álbum e que, inclusive trás muitos elementos da sonoridade a qual o grupo segue até hoje. E, Blaze, a meu ver, se apresentava ao mundo como mais um daqueles casos “do vocalista certo, em uma banda completamente errada”. Sua fantástica carreira solo está aí para comprovar isso.
Tracklist
01. Sign Of The Cross
02. Lord Of The Flies
03. Man On The Edge
04. Fortunes Of War
05. Look For The Truth
06. The Aftermath
07. Judgement Of Heaven
08. Blood On The World's Hands
09. The Edge Of Darkness
10. 2 A.M.
11. The Unbeliever
Letras traduzidas no Whiplash
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Vídeo de Man On The Edge
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