309. PARADISE LOST - HOST (REMASTERED - 2018)

É impressionante a intensidade de lançamentos e mudanças de sonoridade da banda britânica Paradise Lost durante sua primeira década (1990). Gravando impressionantes sete álbuns em um intervalo de apenas nove anos e apresentando pelo menos três mudanças intensas em sua sonoridade em tão curto espaço de tempo, o P.L. trouxe para seu entorno fãs que praticamente acostumaram-se com as surpresas advindas em seus álbuns. Host (1999) provavelmente foi o teste máximo imposto à tolerância e ecletismo dos fãs, pelo grupo. 
Esse "surpreendente" sétimo disco de estúdio do grupo, não é apenas consequência direta do  forte experimentalismo que já vinha sendo testado pelos próprios ingleses em outros momentos (intensificados com o lançamento de sua obra prima, o atemporal Draconian Times), mas parece ter sido também um movimento seguido por muitas outras bandas de estilos semelhantes, sendo o Anathema um dos exemplos mais conhecidos, apesar de suas mudanças serem por caminhos distintos. Então, ignorar os rótulos e extrapolar seus limites sonoros, pular os muros estabelecidos entre alguns estilos sem preocupar-se com a rejeição de fãs e crítica fez parte de um momento de autoafirmação da banda perante o controle de suas criações e de seu trabalho artístico. 
Capa original (1999)
Mas diferentemente de muitas outras, o P.L. tem nas experimentações e na "destruição" de expectativas em relação a sonoridade de seus trabalhos, uma de suas mais importantes características. E mesmo assim, Host foi recebido com grande surpresa pela agressividade de suas experimentações. Flertando desavergonhadamente e apaixonadamente, inclusive no visual, com a música pop/eletrônica de bandas como New Order, Depeche Mode e The Sisters Of Mercy -que tornam a característica sonoridade da banda irreconhecível em muitos momentos-, o vocalista Nick Holmes, os Guitarristas Gregor Mackintosh (também assumindo os teclados) e Aaron Aedy, o baixista Stephen Edmondson e o baterista Lee Morris reafirmam mais uma vez forte independência e controle sobre seu processo criativo. E ao mesmo tempo que se distanciava de seu passado com o quase onipresente uso de teclados e sintetizadores nas músicas, se aproximava através das fortes melodias vocais de Holmes, os refrões, e, o sempre maravilhoso trabalho de guitarras construído pelo genial Makintoch. Características fortes que gritavam que esse continuava sendo o Paradise Lost. 
Um álbum odiado por alguns, ignorado por outros, mas também respeitado por muitos, principalmente para os muitos que conheceram o som da banda após o lançamento do álbum e não acompanharam todas as polêmicas que envolveram não só Host, mas toda essa fase da banda. Por me enquadrar entre esses, acabei deixando de lado alguns álbuns mais contestados da banda até estar completamente envolvido por sua genialidade. Depois disso apreciá-los tornou-se uma tarefa bastante fácil e extremamente agradável.
Particularmente, tenho vários motivos para ter uma opinião diferente sobre esse álbum. Não gosto de nenhuma das bandas que apontei como referência para esse disco, mas, os elementos puros da sonoridade do Paradise Lost nele presentes me fizeram aceitá-lo exatamente da forma que é. Não é uma obra prima, e está muito longe disso, mas é um momento super honesto e diferenciado de uma das melhores bandas de Metal surgidas na década de 1990 e que ainda estão em plena atividade e lançando maravilhosos discos. 
Não tenho a menor dificuldade em entender a forte resistência a esse álbum, mas acredito que temos aqui uma ótima oportunidade de revisitá-lo e rever nossos conceitos em relação a ele. A versão original de 1999 nunca foi lançada por aqui. E agora, em 2018, recebemos sua versão remasterizada, em versão nacional e em formato Digipal, via Shinigami Records.

Tracklist
01. So Much Is Lost
02. Nothing Sacred
03. In All Honesty
04. Harbour
05. Ordinary Days
06. It's Too Late
07. Permanent Solution
08. Behind the Grey
09. Wreck
10. Made the Same
11. Deep
12. Year of Summer
Álbum Completo
Permanent Solution - Official Video

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