319. ROGER WATERS - IS THIS THE LIFE WE REALLY WANT?
Roger Waters, fundador do Pink Floyd e pai de alguns dos maiores clássicos da banda de Rock Progressivo inglesa, assumiu, desde a década de 1970, o ativismo anti-totalitário como uma de suas maiores bandeiras. Em suas maiores obras primas, Animals, The Wall e The Final Cut, o baixista/vocalista, utilizava suas fortes melodias e geniais letras para alertar e denunciar os perigos existentes em qualquer tipo de regime com características autoritárias que pudessem descambar para regimes totalitários, apoiado pelas massas, mas controlados a mão de ferro por privilegiadas minorias.
O músico, que perdeu seu pai na Segunda Guerra Mundial, morto pelos nazistas, revelou fortemente em sua música o quanto a perda o afetou (principalmente em sua obra prima, The Wall) justificando completamente seu comportamento cada vez mais firme em relação a suas convicções e luta contra o fascismo.
Seu último álbum, o maravilhoso Is This The Life We Really Want? (2017), é, provavelmente, um de seus maiores momentos de militância musical, surgindo como um desesperado grito dentro de um momento extremamente delicado para o Planeta. Momentos onde movimentos de extrema direita tem crescido exponencialmente, perante a grave sucessões de crises econômicas, políticas e sociais enfrentadas em todo o globo. Crescendo dentro das massas de forma completamente assustadora, sempre prometendo respostas fáceis (e vazias) para questões dramaticamente complexas, essas ideias vem apavorando cada vez mais quem luta pela democracia. A referência à censura na capa é mais uma das sacadas geniais desse trabalho dentre várias outras que são absolutamente evidenciadas na turnê de promoção do disco, Us & Them, que passa pelo Brasil nesse exato momento.
A ideia de fazer um álbum conceitual sobre a
investigação das causas do assassínio em massa de crianças foi deixado de
lado, sendo substituído por uma estrutura menos linear, sem conexões imediatas
dos temas de cada faixa, mas ainda mantendo ligação direta com o conceito
inicial, que trata de toda a angústia sentida e a busca para tentar entender o
por que de, hoje, tantas crianças serem mortas indiscriminadamente em todo o
mundo.
Em sua estrutura sonora, grandes peças clássicas da carreira do
Floyd são entoadas/relembradas/repaginadas em momentos, como em Picture
That, uma das minhas preferidas do disco que parece ter saído da sala de
composição da obra prima do Floyd, Animals (sente-se até falta da
guitarra de Gilmour na música). Continuando a citar a antiga banda de Waters,
percebe-se claramente durante todo o álbum, fortes doses de melancolia que
remetem diretamente a The Final Cut, e as leves orquestações e
instrumental compassados embalam com perfeição a forma de Roger encaixar sua
forte e bela voz, propositalmente passando a ideia de declamação, de estar
contando uma história ou fazendo um protesto, o que torna tudo ainda mais
emocional. Broken Bones e a própria faixa título são fortes exemplos
dessa referência.
Is This The Life We Really Want? é o quinto
álbum da carreira solo de Roger Waters, lançado exatamente 15 anos após Amused
To Death. Quebra um hiato que muitos fãs acreditavam ser definitivo e ter
esse álbum em mãos concretiza parte considerável de toda a "alegria e
êxtase" sentida por termos esse "jovem" gênio de 75 anos de
volta com material totalmente novo. O mundo, definitivamente, ainda
precisa muito de artistas como Roger Waters e, hoje, 21 de Outubro de 2018,
estarei realizando o sonho de assisti-lo pela primeira vez ao vivo, na capital
mineira, Belo Horizonte.
O álbum foi lançado
no Brasil, via Columbia records/Sony Music, em formato digisleeve
Tracklist
01. When We
Were Young
02. Déjà Vu
03. The Last
Refugee
04. Picture
That
05. Broken
Bones
06. Is This The
Life We Really Want?
07. Bird In A
Gale
08. The Most
Beautiful Girl In The World
09. Smell The
Roses
10. Wait For
Her
11. Oceans
Apart
12. A Part Of
Me Died
Mais Roger Waters (solo) no Sonorizando:
Álbum Completo
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