383. PROPHETS OF RAGE

Lembro com perfeição a catarse causada pelo Rage Against The Machine em seu auge nos anos 1990. As multidões em seus shows cantando enlouquecidas  músicas que eram puro protesto político, embaladas por batidas insanas que em muitos momentos aproximavam-se do Rap quando não se misturavam a guitarras puxadas para o Rock n” Roll/Metal, tudo conduzido por uma voz completamente alucinada que despejava ativismo e palavras combativas em cima da audiência que completavam o looping cantando enlouquecidas.
Mesmo não sendo grande apreciador do estilo, era impossível ignorar o RATM em suas apresentações ao vivo, principalmente quando se concordava com muito do que o grupo defendia. Quando o quarteto decidiu separar-se exatamente na virada do século XX para o XXI, acredito que deixou uma grande lacuna inclusive para muitos que, apesar de não apreciar suas misturas musicais, gostava de seus posicionamentos, respeitava seu espaço e se juntava ao transe ao toque de algumas de suas músicas.
Em 2016, Tom Morello, guitarrista e compositor do Rage Against The Machine e seus parceiros de banda, o baixista Tim Commerford e o baterista Brad Wilk (também conhecido por substituir Bill Ward na gravação do álbum de retorno do Black Sabbath, 13) se juntaram aos rappers Chuck D (Líder do Public Enemy) e B-Real (Cypress Hill) e ao DJ Lord (Também do P. Enemy) em uma super banda que surgia com o intuito de protestar claramente contra a eleição presidencial norte americana, principalmente na figura da convenção nacional republicana que apontou a candidatura do atual presidente do país, Donald Trump.
Se músicas/gritos de protestos e críticas sociais são o que o sexteto faz de melhor, as compostas e gravadas no primeiro álbum do super grupo, lançado em 2017 e que tem como título o próprio forte nome da banda, são exatamente como espécies de hinos de protestos e compilações de palavras de ordem que colocam as pessoas, coletivamente, como as únicas capazes de derrotar o sistema, “Entidade” opressora e excludente,  mas não como um Deus Ex-Machina, responsável pelos grandes males das sociedades modernas. 
É alentador em um momento polarizado como o que vivemos hoje em todo mundo, e obviamente incluindo o Brasil que costuma polarizar até opiniões relativas a gostos pessoas (música, por exemplo), ver grandes selos de música pesada (e alternativa) como a Hellion Records trazendo ao país discos como esse.  Recomendo Prophets Of Rage a quem curtia o Rage Against The Machine por sua essência, e/ou entende a arte (estendendo obviamente um grande tentáculo do conceito até a música) como algo essencialmente político e não restrita a rótulos, ou pólos. Não vai encontrar nenhuma novidade no som, nem mesmo nas letras, mas certamente vai ter ótimos momentos de nostalgia, apesar da incômoda e inevitável sensação de ausência do vocalista Zack De La Rocha.

Tracklist
1. Radical Eyes
2. Unfuck The World
3. Legalize Me
4. Living On The 110
5. The Counteroffensive
6. Hail To The Chief
7. Take Me Higher
8. Strength In Numbers
9. Fired A Shot
10. Who Owns Who
11. Hands Up
12. Smashit
Álbum Completo

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