424. RUSH - 2112 (40TH ANNIVERSARY)

Sempre que escuto 2112 do Rush, desde que o conheci lá no início dos anos 1990, o incluo no topo da minha lista de discos preferidos em todos os tempos. Obviamente, afirmações e definições como essa são praticamente impossíveis de serem feitas quando se trata de música em geral e, dentro do Rock/Metal, parece ser ainda mais complexo devido a suas absurdas quantidades de variações. Mas, sinceramente, quando a banda em questão é essa, nenhum superlativo utilizado parece ser exagero. 
Lançado em março de 1976, após mastigar muitas críticas negativas (para mim injustas) ou indiferenças em relação ao álbum anterior, Caress Of Steel, 2112 representa definitivamente o ponto de ebulição, o "breaking point", do Rush para o sucesso comercial e recepção positiva da crítica especializada na época. Surgindo como uma clara lapidação das camadas progressivas introjetadas em seu antecessor, somadas às melhores características agressivas do Hard Rock insano apresentado em seus dois primeiros discos. Geddy Lee, Alex Lifelson e Neil Peart nunca tinham soado tão intensos, tão técnicos, tão perfeitos, e iniciaram aqui um fantástico apogeu criativo que se estenderia de forma absolutamente equilibrada, até o lançamento de Moving Pictures em 1981. 
A faixa título, com seus mais de vinte minutos de duração (que tomam o lado inteiro de um LP), é provavelmente a obra prima absoluta do Power Trio, dividida em sete irretocáveis partes, conectadas, mas diretas e funcionais quando isoladas e cheias de grandes variações onde o trio brilha por igual e o ouvinte se perde contantemente em cada um dos instrumentos e na voz ultra potente e melódica de Lee. Enquanto em Caress Of Steel o Rush tentou empurrar de forma direta uma nova sonoridade, mais progressiva e cheia de narrativas, em suas duas suítes, nesse a banda evitor qualquer tipo de excesso e preocupou-se muito mais na construção de suas características próprias e, de forma isso poderia e seria transposto ao vivo nos palcos. 2112 impulsiona a qualidade do disco de forma incrível e quando encerrada é sucedida por um conjunto de mini obras primas com características mais simples, mas de qualidade totalmente compatível a faixa de abertura como A Passage to Bangkok, Lessons, e o maravilhoso Grand Finale do álbum com a lindíssima Tears e a ultra empolgante Something For Nothing que, para mim, encontram-se exatamente no mesmo nível da abertura do disco, além de apresentar uma das melhores atuações de Geddy lee como vocalista em toda a sua brilhante carreira.
Em 2016 o Rush começou a lançar edições especiais de quarenta anos de seus álbuns, tendo como ponto de partida exatamente 2112, que é seu primeiro grande sucesso comercial nos Estados Unidos. Edições magníficas dos álbuns (até o momento três títulos já estão no mercado) lançados em boxes repletos de conteúdos como Lps, cds, livretos, etc vieram para honrar ainda mais esse absurdo legado deixado pelos canadenses. Os boxes mais completos possuem preços bem salgados o que somado ao fato de só serem encontrados importados, tornam-se itens ultra exclusivos para os fãs brasileiros. Felizmente (e infelizmente por ter sido o único), 2112 foi lançado no Brasil  em sua versão box digipak com 3 discos. O primeiro deles contém o álbum na íntegra, em uma maravilhosa versão remasterizada no estúdio inglês Abbey Road; o segundo conta com uma série de sensacionais covers feitas por grandes músicos e bandas como Dave Ghrol (Foo Fighters), Steven Wilson (Porcupine Tree) e Alice In Chains, além de faixas ao vivo gravadas pela banda na época incluindo uma raríssima apresentação de The Twilight Zone; já o terceiro disco é um DVD contendo videos de alguns dos materiais presentes no disco dois, um show ao vivo da turnê de 2112, em 1976 e em preto e branco, finalizando com um mini documentário. E somente para não dizer que essas edições de aniversário são perfeitas, me incomodaram bastante as mudanças nas capas originais, substituídas por novas artes que, para mim, descaracterizaram as apresentações desses discos.
2112 é um álbum perfeito que agora, a partir de um excelente trabalho realizado pela banda e sua gravadora,  tem uma edição que faz juz a sua imensurável qualidade artística. 

Tracklist
Disc 1 - Cd
01. 2112
I. Overture
II. Temples Of Syrinx
III. Discovery
IV. Presentation
V. Oracle: The Dream
VI. Soliloquy" - 2:21
VII. The Grand Finale
02. A Passage To Bangkok
03. The Twilight Zone
04. Lessons
05. Tears
06. Something For Nothing
Disc 2 - Cd
Solar Federation
01. Overture - Dave Ghrol, Taylor Hawkins and Nick Raskulineez
02. A Passage To Bangkok - Billy Talent
03. The Twilight Zone - Steven Wilson
04. Tears - Alice In Chains
05. Something For Nothing - Live At Massey Hall 1976 (Outtake)
06. The Twilight Zone - Live 1977 Contraband
07. 2112 - 1976 Radio AD
Disc 3 - Dvd
Live At Capitol Theatre 1976
Bastille Day
Anthem
Lakeside Park
2112
Fly By Night
In The Mood
Bonus Videos
Overture - Dave Ghrol, Taylor Hawkins and Nick Raskulineez
A Passage To Bangkok - Behind The Scenes With Billy Talent
2112 - 40 Years Closer - A Q&A with Alex Lifeson and Terry Bronw

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