456. MANILLA ROAD - TO KILL A KING

Não me surpreende nada o Manilla Road (vulgo Manillão para os fãs) ser considerado, por muitos, um dos maiores grupos de Heavy Metal da História. Formada em 1977 no Kansas, Estados Unidos, o Manilla criou e desenvolveu um estilo próprio de música que tiem como  sua espinha dorsal uma singular e extremamente marcante voz, brilhantes linhas de guitarra que alternam belíssimas melodias a agressivas e pesadas passagens que formataram um insano clima épico que vai do classic rock dos anos 1970, ao heavy/doom metal dos anos 1980. A longevidade do grupo impressiona pelos mais de quarenta anos de carreira com apenas um hiato de míseros dois anos. Liderado pelo mais que icônico, Mark "The Shark" Shelton (o responsável pela voz "singular" e as brilhantes linhas de guitarra), o Manilla possui  ainda uma acachapante discografia que conta com dezoito álbuns de estúdio, em uma trajetória que, aparentemente, só foi encerrada pelo definitivo chamado de Odin.
Nesse caso, me incluo nesse hall de pessoas que consideram Mark Shelton e cia. um dos colossos dentro da rica História do Metal, influenciando um "sem número" de bandas. Sou fã de todos os álbuns lançados pelo músico, em todos os seus projetos, e possuo uma enorme admiração pelas qualidades técnicas e criativas do guitarrista mas, principalmente por sua total dedicação ao underground, sem jamais ter desviado seu caminho ou traído sua proposta de som, em busca do mainstream. To Kill A King, o décimo oitavo disco da banda mantém em alta todas essas qualidades, e certamente ganha um peso extra dentro da trajetória do Manilla por representar a ultima batalha de um lendário e honrado guerreiro, encerrada de forma precoce, mas completamente digna e simbólica, quando Mark faleceu, após sentir-se mal durante ou ao final do show da banda no Festival alemão Heandbanger Open Air (julho/2018). Se para os Vikings, os guerreiros tinham que morrer em batalha para serem dignos de ascender ao Valhala, Mark teve esse direito e honra conquistados ao fazer sua passagem após uma delas realizada no palco. 
To Kill A King mantém a pegada dos últimos discos do grupo, com muitas passagens épicas, algumas puxadas para o progressivo que resvalam no Proto Metal de seus primeiros discos e que voltou de forma mais episódica nos últimos discos e que, se misturam a pegada mais Épica, mergulhada em uma forte atmosfera doom. Já as partes mais velozes e/ou agressivas seguem conduzidas pela voz de Bryan "Hellroadie" Patrick, que já conta com dezesseis anos de banda e possui a voz semelhante a de Shelton, mas aqui assume papel de contrabalanço a essa voz principal. Completam a banda na gravação do disco o baterista Neudi (na banda desde 2011) e e o baixista Phil Ross (desde 2016).
Vejo hoje To Kill A King como um grande réquiem a vida e ao trabalho de Mark Shelton, começando brilhantemente com a maravilhosa faixa título, um épico de mais de dez minutos baseado em Hamlet (Sheakespeare) seguida de mais um apanhado de boas composições como Never Again, In The Wake, The Talisman e Ghost Warriors que mantém uma homogeneidade qualitativa digna da belíssima discografia dos norte americanos e que se pecam é somente pelo excesso (se o disco, que contem mais de sessenta minutos, fosse 1/3 menor, provavelmente seria bem melhor avaliado). Chamam ainda atenção a  bela capa desenhada por Paolo Girardi e a ótima produção e mixagem do material, assinada pelo próprio Mark Shelton.
O último disco do Manilla Road (pelo menos com seu mentor Mark Shelton) foi licenciado no Brasil pela Hellion Records, e pode ser facilmente encontrado em lojas e sites especializados. 

Tracklist
01. To Kill A King
02. Conqueror        
03. Never Again
04. The Arena
05. In The Wake
06. The Talisman
07. The Other Side
08.  Castle Of The Devil
09. Ghost Warriors
10. Blood Island
To Kill A King  

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