623. AVATARIUM - THE FIRE I LONG FOR

O quarto álbum de estúdio lançado pelo Avatarium no final de 2019, The Fire I Long For, representa até esse momento o ápice do amadurecimento da banda criada pelo guitarrista Marcus Jidell (Ex-Royal Hunt, Evergrey, Soen e The Doomsday Kingdom), a vocalista Jennie-Ann Smith e o baixista Leif Edling em 2013, como mais um projeto paralelo de Leif a seu Candlemass. Entre 2016 e 2017, a banda passou por uma grande reformulação. Iniciada pelo anúncio da saída de Edling, substituído pelo competente Mats Rydström, e pela mudança nos teclados com a saída de Carl Westholm e a entrada de Richard Nilsson. A partir daí, abriram-se algumas dúvidas (inicialmente pela continuidade da banda, posteriormente pelo que eles apresentariam a partir das alterações) sobre que tipo de som o grupo apresentaria em novos álbuns de estúdio.
O primeiro passo foi dado já em 2017, com a gravação do bom Hurricanes and Halos mas, todo o potencial dessa nova fase só seria mesmo apresentado dois anos depois e já contando com uma terceira e importante substituição na formação do Avatarium, com a saída  do baterista Lars Sköld e a entrada  de Andreas Habo Johansson (outro com passagem pelo The Doomsday Kingdom). O resultado direto de todas essas alterações, principalmente a do domínio do processo criativo das composições passar a se concentrar nas mãos da dupla Marcus/Jennie-Ann, levaram inevitavelmente a construção de The Fire I Long For, levando a uma surpreendente ampliação da presença de sonoridades que, cautelosamente, se distanciaram dos lamentosos, tristes e emocionantes hinos Doom criados por Edling nos dois primeiros discos.
Os riffs arrastados acompanhados de solos longos e profundos, a cozinha ultra pesada e a absolutamente incrível voz de de Jennie conectando tudo com total maestria, estão a todo vapor e hoje são parte da própria personalidade do quinteto, que ainda continua a produzir o fino de seu Doom Metal Psicodélico, mas em doses bem menores. Curiosamente, o disco conta ainda com três (de nove) composições assinadas por Leif, que incrivelmente não se encontram entre as melhores músicas da bolacha, e isso não significa que são ruins, pelo contrário, apenas representam resquícios ainda resistentes de um passado do Avatarium que parecem estar sendo cada vez mais deixados de lado.
Como já dito, os melhores momentos de The Fire I Long For estão nas músicas que buscam a “quebra do protocolo” e, apesar de ainda sombrias e melancólicas, se abraçam com o classic rock, a música psicodélica e o blues das décadas de 1960/1970. Se destacam aqui, nesse ínterim, faixas como Voices, Rubicon, e as magníficas Lay Me Down (provavelmente a melhor performance de Jennie até o momento) e a faixa título.
Em muitos momentos, esse álbum consegue confrontar, com louvor, o segundo disco do Avatarium, The Girl With Raven Mask, até então, o meu preferido da banda sueca.
The Fire I Long For foi (muito bem) produzido pelo guitarrista Marcus Ridell e lançado internacionalmente pela Nuclear Blast Records. No Brasil, o CD foi licenciado pela Shinigami Records, que já havia lançado por aqui dois outros discos do grupo, além do primeiro (e único) trabalho do The Doomsday Kingdom.

Tracklist
01. Voices
02. Rubicon
03. Lay Me Down
04. Porcelain Skull
05. Shake That Demon
06. Great Beyond
07. The Fire I Long For
08. Epitaph Of Heroes
09. Stars They Move

Mais Avatarium no Sonorizando:
Avatarium (2013)
The Girl With The Raven Mask (2015)

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