639. VIPER - SOLDIERS OF SUNRISE

“No princípio era o Viper, e o Viper estava com o Metal, 
e o Viper era o Power Metal.
Ele estava no princípio com o Metal.
Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem ele.
Nele estava o poder, e o poder era a luz dos metalheads”
(Gênesis, Power Metal Brasil 1985)

A década de 1980 é marcada politicamente e socialmente no Brasil pelos últimos momentos de um período de 21 anos de controle total (ditadura) dos militares sobre a sociedade. Em 1985, depois de um período de transição, de acanhada liberdade e ainda de forma indireta, voltava à presidência do país um Presidente civil, e não por ele, mas com ele, abriam-se as comportas da liberdade de variadas e diferentes formas, que pelo menos para uma pequena parte de uma geração nascida em períodos sombrios seria particularmente especial e extremamente desafiadora.
Foi início da década de 1980 que surgiram no Brasil as primeiras bandas de Metal. Influenciadas pelos fenômenos musicais que explodiam na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda sem possibilidades reais (censura) de gravar álbuns e se apresentarem e dificuldade de até mesmo construir uma cena, essas só passaram a realmente se solidificar a partir de grandes marcos ocorridos no país, como as primeiras apresentações do Kiss e Van Halen por aqui em 1983 e, principalmente, o primeiro Rock In Rio em 1985 que trouxe shows de nomes gigantes como AC/DC, Scorpions, Ozzy Osbourne e Iron Maiden.
A segunda metade daquela década foi acompanhada de uma verdadeira explosão do cenário underground brasileiro, que despejou na cabeça do ainda reduzido número de seguidores do Heavy Metal no país, uma gigantesca quantidade de álbuns de inúmeras bandas como Holocausto, Dorsal Atlântica, Azul Limão, Sarcófago, Vodu, Korzus, Vulcano, Centúrias, Sepultura e Viper.
Formada em 1985 por um grupo de amigos de infância e vizinhos, composto pelos irmãos Pitt e Yves Passarel (respectivamente baixo e guitarra), o também guitarrista Felipe Machado, o baterista Cassio Audi e o vocalista André Matos, o Viper representa para esse que aqui vos escrevem, a materialização do sonho de provavelmente 100% das pessoas que gostam de Heavy Metal.
Gravado em 1987, Soldiers Of Sunrise é o resultado imediato de uma série de situações que geraram essa “tempestade perfeita”: a perseverança de uma molecada que deu seus primeiros passos de forma absolutamente precoce - nenhum dos músicos tinha mais de dezesseis anos quando a demo Killera Sword foi gravada -, e que sempre se mostraram totalmente focados na gravação de um álbum; a confiança de um empresário e a existência de uma estrutura mínima de distribuição e divulgação (Rock Brigade); e, por fim, mas não menos importante, a enorme qualidade técnica do quinteto que, bebendo diretamente na fonte do Power/Speed Metal alemão (impossível não perceber as referências aos primeiros álbuns do Angel Dust e, principalmente, do Helloween) gravou e lançou um sensacional álbum de estréia que está encravado na história do Heavy Metal brasileiro e, até hoje, é referência para uma quantidade incalculável de bandas.
O valor de Soldiers Of Sunrise definitivamente não encontra-se somente em suas músicas, e apesar do álbum ter excelentes momentos como Knights Of Destruction, Nightmares, The Whipper, H.R., Signs Of The Night e a incrível a faixa título; nada é mais importante que o símbolo que o mesmo representa e as portas que seu lançamento derrubaram mundo a fora.
Indispensável, obrigatório!

Tracklist
01. Knights Of Destruction
02. Nightmares
03. The Whipper
04. Wings Of The Evil
05. H.R.
06. Soldiers Of Sunrise
07. Signs Of The Night
08. Killera (Princess of Hell) - Instrumental
09. Law Of The Sword
Bonus Tracks – Versões Demo
10. Law Of The Sword
11. Signs Of The Night
12. Nightmare
13. H.R. (Heavy Rock)
14. The Whipper
15. Killera (The Princess Of Hell) - Instrumental

Mais Viper no Sonorizando:
Theatre Of Fate (1989)


Comentários

Que excelente resenha! Rapaz, esse disco do Viper é uma obra prima. Que massa a persistência do Felipe Machado, principalmente, em sempre manter a chama do Viper acesa, com esses relançamentos de suma importância, visto que esses discos já se encontram fora de catálogo. Daqui a pouco eles vão soltar o Coma Rage nesse formato. Excelente texto.

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