652. ICE WAR
O crescimento do acesso à tecnologia no meio
musical não é responsável apenas por proporcionar uma maior interação entre as
bandas, suas músicas, seus fãs e, por fim, os consumidores. A possibilidade de utilização
de softwares específicos em computadores e até em aplicativos de smartphones,
facilidade de distribuição das músicas via internet por streaming e, até a
possibilidade de músicos gravarem à distância, trocando arquivos via e-mail ou
por drives em nuvem, sem sequer necessidade de reunião da banda para ensaios (o
que é questionável, mas de forma alguma limitante), levaram a uma verdadeira
revolução, ou fenômeno, em relação ao surgimento de novas bandas e álbuns
gravados e lançados.
É exatamente nessa realidade pós-moderna
musical que vimos a explosão chamada New Wave Of Traditional Heavy Metal, apresentando
centenas de novas bandas, muitas delas compartilhando músicos em comum e onde parte
desses (alguns, sem dúvida, verdadeiros fenômenos) têm se destacado bastante
pela gigantesca criatividade apresentada em seus álbuns e projetos. Multi-instrumentistas como Cederick Forsberg
(Rocka Rollas, Rune Lord, Blazon Stone e Cloven Altar), Chris Black (High
Spirits e Professor Black) e Jo “Capitalicide” Galipeau desse ótimo projeto canadense
chamado Ice War, aproveitaram muito bem essas facilidades apresentadas pela tecnologia,
para dar vida a projetos completamente individuais, onde podem prestar suas
homenagens aos gêneros musicais e personalidades que fizeram e fazem parte de
suas formações musicais, além de inserir elementos próprios e pessoais em sua
música, sem interferências de parceiros ou até mesmo de gravadoras, mesmo com todos
esses projetos tendo sido aprovados e estarem sob contrato de gravadoras de
pequeno e médio porte, especializadas em Heavy Metal.
Formado no ano de 2015 em Ottawa, Canadá, o Ice
War lançou uma série de singles e um EP em seus dois primeiros anos de
atividade, de forma independente até chamar a atenção do selo Shadow Kingdom
Records em 2017. Seu auto intitulado álbum foi lançado no mesmo ano e apresenta
em seus menos de trinta minutos, divididos
em oito ótimas faixas, o mais puro Heavy Metal tradicional, tendo claramente
como maior fonte de inspiração o Epic Metal criado e desenvolvido nos Estados
Unidos na primeira metade dos anos 1980, por nomes imortais como Omen, Brocas
Helm, Cirith Ungol, Manilla Road e Manowar.
A incrível capa desenhada por Jocelyn Galipeau,
representando o esqueleto de um nativo americano (que tornou-se mascote da
banda) tendo ao fundo uma caravela em mar turbulento prestes a atracar em terra
firme, embalam uma série de músicas criadas a partir de ótimos riffs, cavalgadas
e solos de guitarras como Battle Zone, Dream Spirit, I Am The Prisoner. Slaver's
Whip, We Will Stand e Falling Out; faixas que transitam muito
bem dentro de suas referências e que crescem com a inclusão do vocal pouquíssimo
usual (mas muito bem vindo) de Jo Capitalicide.
A opção para a produção e mixagem do disco (e
que é mantido em todos os materiais gravados por Jo com o Ice War) parece ter sido
a mais simples possível, sem grandes ajustes e interferências, como se as
músicas estivessem sendo jogadas diretamente em nossos ouvidos e criando a
sensação de estar acompanhando sessões de ensaios em estúdio ou shows em pequenos
ambientes, com a possibilidade de entender detalhadamente cada um dos instrumentos
tocados. Não muito diferente do que senti ao escutar pela primeira vez algumas
das bandas clássicas que citei ao longo do texto e que ainda hoje encontram-se
entre minhas preferidas.
Tracklist
01.
Battle Zone
02.
Dream Spirit
03.
Standing Rock
04.
I Am The Prisoner
05.
Slaver's Whip
06.
Reverence Of Gold
07.
We Will Stand
08.
Falling Out
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