670. IRON MAIDEN - SOMEWHERE IN TIME

A entrada de Bruce Dickinson em 1982 foi certamente fundamental para que o Iron Maiden se tornasse a maior banda de Heavy Metal da Inglaterra, e uma das maiores do mundo, naquela década. O imediato e perfeito encaixe levou a uma absurda sequência de álbuns lançados a partir daquele ano, todos produzidos pelo lendário Martin Birch e com capas e artes desenhadas pelo mítico Derek Riggs e tocados pelo quinteto  clássico formado pelo ex-vocalista do Samson, o lider da banda e baixista Steve Harris, o baterista Nicko McBrain (a partir de Piece Of Mind, 1983) e a dupla de guitarristas Bill Murray e Adrian Smith. Essa sequência perfeita se extendeu até o ano de 1988, quando lançaram Seventh Son Of A Seventh Son, mas já estavam no topo do mundo encabeçando festivais na Europa e conquistando mercados em praticamente todos os continentes do planeta.
O auge, pelo menos o primeiro deles e, para mim, o mais significativo, se deu em 1985 com o lançamento do icônico Powerslave e de sua muito bem sucedida turnê que, inclusive, trouxe a estreia da banda no Brasil (um deu seus maiores mercados e provavelmente lar de sua maior legião de fãs), em uma histórica apresentação no festival Rock In Rio.
Com a criação, conquista e lapidação de uma sonoridade pesada, forte, mas ao mesmo tempo melódica, já gradualmente progressiva e muito épica em Powerslave, o Iron colocava os últimos tijolos na construção de uma base de som que se tornaria definitivo em sua carreira, mas em nenhum momento deixaria de apresentar variações e novos elementos. Apesar de não ter acompanhado em loco (só conheci o Iron alguns pares de anos depois), era bem claro que grande parte dos fãs pareciam esperar de seu sucessor uma continuação do que ali havia sido feito. O resultado, todos já sabemos, foi bem diferente e, mais uma vez, o grupo surpreendia ao entregar mais uma revisão de sua sonoridade, com a intensificação do uso de melodias mais limpas, músicas muito mais simples e diretas e a polêmica decisão de utilizar guitarras sintetizadas por todo o disco. 
Nascia então, em 29 de setembro de 1986, o atemporal Somewhere In Time, sexto álbum da discografia em estúdio do Iron Maiden e, certamente, um dos discos mais corajosos da donzela e, pelo menos hoje, um dos mais queridos por sua base de fãs. Transportando o Eddie do antigo Egito para a visão distópica do futuro apresentada pelo diretor Ridley Scott em sua brilhante adaptação cinematográfica do conto Andróides Sonham com Ovelhas Elétricas? (Blade Runner - O Caçador de Andróides)  de Philip K. Dick, em músicas que tratavam em suas letras da relação entre o homem e o tempo, Steve Harris e CIA apresentaram composições muito mais melódicas e menos pesadas e agressivas que em seus discos anteriores, com forte presença de teclados e o polêmico uso de guitarras sintetizadas, acompanhando o tradicional Heavy Metal do quinteto. 
Maravilhoso desde a incrível capa criada por Riggs, entupida de referências à história da banda até aquele ano, Somewhere In Time apresentava uma legião de faixas espetaculares que imediatamente tornaram-se clássicos do Iron Maiden, como Caught Somewhere In Time, Heaven Can Wait, The Loneliness Of The Long Distance Runner, Deja-Vu, o bombástico épico Alexander The Great e a hoje manjada, mas ainda excelente, Wasted YearsDominado pelo clima futurista imposto pelos timbres diferentes das guitarras (fundamentais para o conceito geral do disco) de Murray e Smith que apresentaram aqui uma de suas melhores performances como dupla, acompanhado pelo tradicional, forte, rápido, galopante e cada vez mais entrosado som da cozinha de Harris e McBrain e, por fim, liderado por mais uma incrível sequência de interpretações sobrenaturais de Bruce, os britânicos mais uma vez faziam história apresentando algo substancialmente diferente em sua brilhante e única sonoridade.
Somewhere In Time pode não ser o melhor disco do Iron Maiden, mas provavelmente é um de seus trabalhos mais  emblemáticos, pois mostra o nascimento de uma das características criativas mais fortes apresentadas pela banda até hoje, a de buscar efetivamente algo novo e diferente a cada álbum lançado, independente das altas expectativas de seus fãs e crítica. 

Tracklist - Edição Castle Records 1995
Disco 1
01. Caught Somewhere In Time
02. Wasted Years
03. Sea Of Madness
04. Heaven Can Wait
05. The Loneliness Of The Long Distance Runner
06. Stranger In A Strange Land
07. Deja-Vu
08. Alexander The Great (356-323 B.C.) 
Disco 2
01. Reach Out (The Entire Population of Hackney cover)
02. Juanita (Marshall Fury cover)
03. Sherriff Of Huddersfield
04. That Girl (FM cover)

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