744. BLUE ÖYSTER CULT - THE SYMBOL REMAINS
Após dezenove anos sem entregar faixas inéditas e dedicar-se durante esse tempo, quase que exclusivamente, a turnês comemorativas e shows (bem restritos) que oportunizaram as gravações de ótimos álbuns ao vivo em um processo de constante comemoração aos grandes sucessos dos anos 1970 e 1980 de uma incrível e longeva carreira de quase cinquenta e cinco anos, o gigante Blue Öyster Cult finalmente retorna com um belo material que faz totalmente juz à toda sua história.
The Symbol Remains, lançado internacionalmente em 2020 pela Frontiers Records e, felizmente licenciado no Brasil pela Hellion Records, traz de volta a banda, ainda sob liderança da dupla de guitarristas/vocalistas Buck Dharma e Eric Bloom, em uma (excelente) forma criativa que não se via, muito provavelmente, desde o lançamento do mega clássico Fire of Unknown Origin em 1981. A decisão de adequar as principais características do som do BÖC ao AOR, que explodia comercialmente nos Estados Unidos no início da década de 1980, e afastar-se gradualmente da atitude e peso do Rock que o caracterizou e o levou ao sucesso na década anterior, fez com que o grupo emplacasse uma sequência de discos de qualidades cada vez mais questionáveis os quais, consequentemente, não deram o retorno financeiro aguardado por banda e gravadoras culminando, em 2021, com o lançamento do fraco Curse Of The Hidden Mirror e uma séria ruptura que levou à esse longo hiato de dezenove anos.
Com a decisão de gravar novas músicas tomadas, desde 2017 conforme anunciado por Bloom ao se referir em entrevistas à excelente quimica da atual formação (junta desde 2004), o Blue Öyster Cult, formado então pelo baixista Danny Miranda, o tecladista/guitarrista Richie Castellano e o baterista Jules Radino, além da dupla veterana, fechou contrato com a gravadora intaliana Frontiers, finalmente dando luz, três anos depois, à esse seu belo décimo quinto álbum de estúdio. Tendo como único (e completamente perdoável) "defeito" o excesso de faixas presentes na composição final do disco, The Symbol Remains é um sensacional e totalmente bem vindo retorno do Blue Öyster Cult à sua mais marcante sonoridade, unindo muito bem seu ótimo Classic/Hard Rock mais pesado e muito atmosférico à uma pegada um pouco mais rápida e moderna.
Muito bem produzido pelo trio Bloom/Dharma/Castellano e com uma linda capa desenhada pelo artista Stan W. Decker, trazendo mais uma vez a icônica, mística e imponente "cruz gancho de Cronos" - criada para a banda por Bill Gawlik em 1972 e presente em todos os seus discos -, The Symbol Remains é marcado, de certa forma melancólica, por ser o primeiro álbum do BÖC sem a presença do tecladista/guitarrista Allen Lanier, morto em 2013 por uma doença pulmonar degenerativa, mas também muito positivamente pela qualidade de uma série muito boa de músicas verdadeiramente marcantes como That Was Me, Tainted Blood, Nightmare Epiphany, Edge Of The World, Florida Man, The Alchemist, Secret Road e Fight, que demonstram a grande relevância que a banda ainda pode ter para o Rock, recolocando-a totalmente no páreo com esse que, certamente, foi um dos discos mais surpreendentes e legais de 2020.
Tracklist
01. That Was Me
02. Box In My Head
03. Tainted Blood
04. Nightmare Epiphany
05. Edge Of The World
06. The Machine
07. Train True
08. The Return Of St. Cecilia
09. Stand And Fight
10. Florida Man
11. The Alchemist
12. Secret Road
13. There's A Crime
14. Fight
Official Video - That Was Me
Official Video - The Alchemist
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