820. ROTTING CHRIST - THE HERETICS
Formado na Grécia em 1987 pelo vocalista/guitarrista Sakis Tolis e pelo baterista Themis Tolis, o Rotting Christ foi criado originalmente como uma banda de grindcore que após não conseguir emplacar no estilo, decidiu por mudar seu caminho, ainda em seus primeiros anos. Bastante influenciado pelo visual, peso e capas de álbuns e letras blasfemas criadas por alguns gigantes da música pesada européia como Venom (UK) e Celtic Frost (Suíça), os gregos ainda no início dos anos 1990, estiveram presentes no que é realmente considerado a gênese do gênero Black Metal moderno, ao lado de grupos como o suíço Samael, e o brasileiro Sarcófago. Logo após, houve o início do movimento na Noruega com a aparição de várias bandas como Burzum, Darkthrone, Emperor, Mayhem e Immortal, acompanhado de muitas polêmicas (suicídios, assassinatos e incêndios de igreja) que, criminalizaram bastante o estilo e, o transformaram no mais nefasto e perigoso sub gênero do Metal.
Longe de interessar-me pelo movimento em si, ou até mesmo o som produzido pelas primeiras bandas de Black Metal, o Rotting Christ entrou no meu radar após ter tomado conhecimento, através de ótimas indicações, das características de sua atual sonoridade - ao exemplo de muitas outras bandas do estilo -, uma boa mistura de muitos elementos oriundos do Doom e do Gothic Metal (algo feito com maestria por uma de minhas bandas preferidas na atualidade, o Moonspell), com pontuais e bem inseridas alternâncias entre vocais limpos e guturais em apresentações de temáticas (as vezes) mais violentas, sombrias e mais próximas ao Black Metal, tudo muito bem construído e trabalhado por mentes e habilidades musicais invariavelmente acima da média, como no caso de Sakis.
Lançado internacionalmente em 2019, pelo selo Season Of Mist (e licenciado, em CD, no Brasil pela Urubuz Records), The Heretics é o décimo terceiro full lenght do Rotting Christ. Trazendo mais uma vez apenas a dupla Sakis e Themis como membros fixos do grupo, o álbum é conceitual, trazendo em suas letras histórias reais e retiradas da literatura, que tem como principal tema algumas idéias e movimentos construídos pelo livre pensar, que foram, ao longo do tempo, considerados heresia pela igreja, a partir do seu domínio, sobretudo dentro do continente europeu, durante o "tormento" de mil anos chamado Idade Média.
Do Paraíso Perdido de John Milton à Última Tentação de Cristo do conterrâneo Nikos Kazantzaki (isso mesmo, a obra que foi adaptada para os cinemas por Martin Scorcese), The Heretics tem, entre suas dez composições, músicas absolutamente incríveis como In The Name Of God, Ветры злые, Hallowed Be Thy Name e seu clima absurdo, Dies Irae, Fire, God And Fear, The Voice Of The Universe, The New Messiah e The Raven; uma verdadeira aula de música, pesada e contemplativa, promovida pelo Rotting Christ e, entupida de maravilhosos riffs, solos de guitarras e excelentes linhas vocais (sobretudo das músicas recitadas).
A edição nacional de The Heretics conta com o já conhecido acabamento de luxo da Urubuz Records, contendo slipcase, mini poster e todas as demais impressões em papel de altíssima qualidade que, provavelmente, superam a maioria, senão todas, das edições importadas.
Se pudesse voltar no tempo, certamente The Heretics estaria entre meus discos de Metal preferidos do ano de 2019. Recomendamos.
Tracklist
01. In The Name Of God
02. Ветры злые
03. Heaven And Hell And Fire
04. Hallowed Be Thy Name
05. Dies Irae
06. Πιστεύω
07. Fire, God And Fear
08. The Voice Of The Universe
09. The New Messiah
10. The Raven
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