1038. SENTRY
No dia 25 de outubro de 2018, o underground do Heavy Metal foi pego totalmente de surpresa com a notícia do falecimento de um de seus maiores pilares. Durante apresentação no festival alemão Headbangers Open Air, Mark Wayne Shelton, fundador e líder do Manilla Road, foi vítima de um mal súbito ocasionado pelo calor que, infelizmente, retirou sua vida no ano em que completaria sessenta anos de idade.
A simbólica morte "no palco", onde Shelton passou a maior parte de sua vida levantando a bandeira do estilo, sempre mantendo-se fiel a sonoridade que ajudou a criar (heavy metal épico com muita proximidade ao Doom) entre o final dos anos 1970 e meados dos anos 1980, encerrou uma intensa trajetória de quatro décadas que deixou como legado dezoito álbuns de estúdios e alguns no formato ao vivo e, turnês e festivais que contemplaram praticamente todo o globo, falando apenas de seu projeto principal. A importância de Shelton para o estilo, vai para muito além do Manilla Road e também se estendeu por muitas participações e parcerias com outras bandas e projetos. A referência ao som criado pelo norte americano se expandiu por um número absurdo de bandas, fazendo com que muitos novos apreciadores os conhecessem e os acompanhassem nesses últimos anos de atuação.
A partida precoce de Shelton, menos de um ano após o lançamento de um novo álbum de inéditas (To Kill A King, 2017), deu um fim definitivo ao Manilla Road, já que seria inimaginável a continuidade do grupo sem a presença de seu guitarrista/vocalista. No ano seguinte a morte do músico, o vocalista Bryan Patrick (roadie e técnico de bateria nos anos 1980 que, a partir de 1999 passou a dividir, oficialmente, os vocais com Mark), o baterista alemão Neudi (aquele mesmo responsável por inúmeras remasterizações de álbuns de Heavy Metal gravados na década de 80) e o baixista Phill Ross que, estavam na gravação de To Kill A King, convidaram o também alemão Kalli Coldsmith para as guitarras e fecharam com o festival Keep It True um show em tributo A Mark Shelton.
O resultado, além de uma emocionante e memorável apresentação no maior festival de Heavy Metal underground do mundo, levou a criação de uma nova banda que, não seguiria com o nome do Manilla mas, preencheria um pouco do vazio deixado pelo fim do Manilla. Fechados com a High Roller Records (selo que lançou e relançou praticamente toda a discografia de Shelton, incluindo demos e materiais mais obscuros) o grupo batizado como Sentry, lançou durante esse ano de 2024 seu primeiro álbum de inéditas, cinco anos após a homenagem feita a Mark. O auto intitulado registro, traz oito canções totalmente inéditas e uma excelente cover para Incarnation Of Evil, do álbum Ancient Dreams, da clássica banda sueca de Epic Doom Metal, Candlemass (um show de interpretação e versatilidade de Bryan).
Com excelente produção de Kalli Coldsmith e masterização de Patrick W. Engel (outro monstro do resgate de materiais obscuros oitentistas) e, seguindo em sua sonoridade com essa excelente transição entre Heavy e Doom Metal, em faixas épicas e pesadas como as maravilhosas Heavensent, Valkyries, Raven's Night e Funeral, o Sentry conseguiu fazer de seu álbum de estreia, não apenas uma grande homenagem ao legado de Mark mas, dar vida a um dos melhores trabalhos do estilo, nesse ano de 2024, criando altas expectativas para o que virá a seguir.
Tracklist
01. Dark Matter
02. The Haunting
03. Heavensent
04. Valkyries (Raise The Hammers)
05. Awakening
06. Black Candles
07. Raven's Night
08. Funeral
09. Incarnation Of Evil (Cover Candlemass)
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