622. MY DYING BRIDE - THE GHOST OF ORION

Depois de “ignorar” durante vários anos o My Dying Bride, finalmente tive a portunidade (junto ao interesse) em estabelecer um contato mais atento a um de seus trabalhos. Lançado em 2020, no ano em que a banda completa trinta anos de carreira, The Ghost Of Orion é um excelente álbum que vai agradar em cheio apreciadores da perfeita mistura entre o peso e o lamento do Doom, a belíssima melancolia do Gothic Metal e pontuais espamos de muita agressividade oriundos de vocais extraídos da música extrema, gerando perfeitos contrastes, fundamentais para a identidade da banda e para o conceito do próprio disco.
Saindo após um hiato de cinco anos de trabalhos em estúdio, The Ghost Of Orion serviu como um grande catalizador de graves problemas e sérias dificuldades enfrentadas por mudanças sofridas no âmbito da banda e de seus membros após a gravação de Feel The Misery em 2015. Da nova saída do guitarrista fundador Calvin Robertshaw e da mudança de gravadora com a troca de uma parceria de vinte e sete anos dos ingleses com a Peaceville Records pela Nuclear Blast Records, maior selo especializado em Heavy Metal do mundo; ao recebimento do terrível diagnóstico de câncer da filha do vocalista Aaron Stainthorpe que o afastou completamente de atividades musicais.
Com a recuperação da filha de Aaron, e as mudanças de cast definidas com a entrada do do baterista Jeff Singer e Andrew Craighan assumindo sozinho as guitarras, Shaun Macgowan (teclado e violino), a baixista Lena Abé e o próprio Aaron, começaram finalmente a produção desse novo full lenght. Para mim, que ainda não conhecia a fundo nenhum dos discos do My Dying Bride, houve uma espécie de arrebatamento musical, devido a identificação de semelhanças, algumas bem fortes, que encontrei na sonoridade desse trabalho, com momentos criados pelo Paradise Lost (inclusive, o baterista Jeff Singer esteve na banda de Holmes/ Mackintosh entre 2004 e 2008) nos discos gravados durante a primeira década desse milênio, e ao Tiamat, principalmente em seus últimos discos.
Com cinco de suas oito músicas acima dos sete minutos de duração, e as demais servindo praticamente apenas como interlúdios entre essas, as composições possuem incríveis climas épicos que criam uma atmosfera conceitual incrível para esse disco, o que amplia consideravelmente sua força e alcance para quem o escuta mais atentamente. As belíssimas linhas de guitarra e a cozinha extremamente equilibrada parecem estar aqui apenas para completar (e magistralmente) os poucos espaços deixados pela incrível voz e visceral atuação de Stainthorpe - e suas impressionantes variações vocais -, para mim o destaque absoluto do álbum, conseguindo colocar toda a carga sofrida nesses últimos anos, em sua vida pessoal e profissional, nesse disco. The Ghost Of Orion parece realmente significar para o My Dying Bride muito mais do que a merecida comemoração de suas três gloriosas décadas de carreira mas, principalmente servir como uma espécie de símbolo, representativo da superação de um complicado período que todos esperamos ter ficado definitivamente no passado.
Agora, vamos correr atrás do resto da discografia da banda, começando pelos lançamentos nacionais, como esse feito recentemente pela Shinigami Records

Tracklist
01. Your Broken Shore
02. To Outlive The Gods
03. Tired Of Tears
04. The Solace
05. The Long Black Land
06. The Ghost Of Orion
07. The Old Earth
08. Your Woven Shore (instrumental)

Official Video - Your Broken Shore  
  Official Video - To Outlive The Gods  
  Official Video - Tired Of Tears

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